4 de junho de 2009

LIVRO MEU É UMA PRENDA TUA

Uma manhã primaveril em Abril deste ano, ofereci-te alguns euros para ires com a mãe a Sintra, ver teatro infantil com oficinas de trabalho para vocês crianças. Pelo que me disseste, foi aventura de que gostaste mas lamentando que estavam poucos meninos.
Quando fores grande vais compreender porque foi assim. Quando são grupos de teatro independente e populares, que vivem só do apoio das pessoas para poderem ser Actores Livres o resultado é quase sempre o que viste. Só pais interessados na evolução dos seus filhos, compreendem a necessidade de as crianças irem a estes espectáculos que são livres de normas de publicidade que também vês na televisão. Não notaste a diferença ?? Reparaste que não havia nada que já tivesses visto na TV ??.
Bem o motivo porque já estou falando sobre ti, é que me estou aperceber que já começas a ser uma saudade, porque estás a deixar de ser um bébé.
Criança pequenina a quem, um dos muitos livros de histórias que eu comprava para ti, porque todos os dias te lia uma história, foi um livrinho sobre um Ermita. Como te deves recordar, era um Caranguejo que procura sempre uma concha vazia para se introduzir dentro e anda sempre com a casa às costas. Tiveste a oportunidade de acompanhar a vida de um bichinho destes , quando o avô montou um NanoReef (pequeno aquário de água salgada).

Acontece que pelas cores ou pela forma como te contava a pequena história, obrigaste-me muitas vezes a repeti-la até adormeceres.
Um farol, um ermita, uma estrela do mar, rochedos, a praia, as gaivotas e as nuvens eram as personagens.
E passado algum tempo era uma das histórias que gostavas de fingir ler à avó Adélia, quando resolvias arranjar pretexto para atrasares outros afazeres, procurando emitar-me nas entoações dadas aos personagens da história.
Nesta tua ida ao teatro, onde havia pequenos trabalhos artesanais à venda, viste um cinzeiro, se calhar para ti era um pratinho de vidro e pediste à mãe para "comprar para o avô". Não podendo a mãe meter-se em despesas desnecessárias a tua convicção do justo pedido foi tão grande que a tua mãe não hesitou em to satisfazer.
Quando vi a tua prenda, compreendi que a imagem do cinzeiro com os elementos e cores da história do Ermita te fez recordar quantas histórias bonitas te li (e outras que me explicaste à tua maneira), quantas músicas te sussurrei ao ouvido, o menino negro, hino da alegria, o meu menino é de oiro, canta amigo canta e tantas outras, que diariamente te presenteava para adormeceres.

Obrigado meu neto. Foi muito importante para mim.